domingo, 9 de junho de 2019










Tenho mil cores na minha caneta
que virou agulha
e descansou a palavra.

Mas amanheci cansada
de remendar sonhos
cerzir buracos
criar novos personagens
pra recontar histórias
que não sei mais esquecer.

Acordei.

sábado, 8 de junho de 2019












Não lembrava mais
desse caminho
feito por palavras.

Eis que hoje
aquele vento forte
abriu a janela
e elas vieram
todas de uma vez.

Vai ter poesia.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Nostalgia










Olho as fotos de longa data
e meu coração sorri.

Reconheço os olhos hoje mais turvos
e o semblante mais crispado
do homem que ainda acalento em meu colo
mesmo com a cabeça já quase branca.
Porque amo
todo dia
como se fosse ontem.

Quem ama
não vê o tempo passar.


sábado, 9 de novembro de 2013

Triste companhia










Triste companhia
música
vinho
e um amor imenso
que não pode mais ser.

Caminho sobre os cacos afiados
da  promessa que se partiu.

Não choro mais.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

História




Eu brinco com o que não devia
esperando clarear os dias
as ideias
os silêncios.
Brinco com as palavras
e as nossas imagens
aquelas que eu guardei em mim
e as que nunca vou ouvir
ou ver.
Meus planos
e as muitas horas
enlouquecidas de amor
que viraram mais que lembranças
cicatrizes coloridas
de uma história que me atrevi a viver.
Não me arrependo.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Solidão














Tomo um café
sozinha
lembrando
o toque
agora frio
das mãos que já descobriram
entre febres e tremores
meus recantos mais secretos.
Hoje eu percebo
entristecida
que as fotos amareladas
mostram alguém que já não está
Ainda que esteja.
Solidão é mais que a ausência.
E dói.

sábado, 24 de agosto de 2013

Tempo














Marco as horas no relógio dourado
enquanto espero
pelo momento oportuno.
A pergunta ansiosa
reverbera nos meus ouvidos

Mais tarde,
quem sabe...

O amor é lindo quando anoitece.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Escrevo
















Escrevo para que não me esqueças
ou para que eu não esqueça
de mim mesma
depois de tanto silêncio.
Escrevo para que me guardes
nas noites que não estou
e me aconchegues
no abraço conhecido
quando eu chegar.
Escrevo para que me preserves
em ti e em tuas lembranças
até que eu seja mais
que a saudade
quando eu calar novamente.
Escrevo porque te amo
mas não sei se posso
dizer.
Te amo.


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Solitaire

















Não descuide do meu amor
ainda que não te pareça
fácil
Que ele não curará teus males
mas segue sempre iluminando
teus caminhos.
Não descuide do meu amor
meu amor
hoje turbulento
mas sempre
dedicado.

Cuide.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Inverno




















Ainda tenho na boca
teu gosto
que guardei pra esses dias
de ausência
de ti
em mim.
Esse inverno
a que me obrigas
e eu
obediente
me curvo.

Sinto muito
tua falta.


(Foto Alberto Cassani)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Amanhã

















Anjo que nunca fui
me chamas
como se acreditasses
que toda distância
toda palavra
repousará
finita
no abraço que nos aguarda.
Amanhã.


(Foto: Nick Dolding)


sábado, 1 de junho de 2013

Raiva


A raiva cultivada ao longo dos anos
brota
de repente
flor exuberante
no jardim murcho e seco
dos planos que nunca fiz.
Cansada do parto difícil
eu choro.
Amanhã é outro dia.


sábado, 18 de maio de 2013

Sunrise














Não entendo bem
o silêncio dos teus lábios.
Silêncio
tem som
de nunca mais.

Ainda é muito cedo.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Amor adormecido















O amor adormecido desperta
exigente
Querendo que eu me revele
e abrace sem medo
esse frio que percorre meu corpo
e procure
insistente
uma maneira de voltar a ser
quem já fui
mas tinha esquecido.

Eu penso.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Saudade
















Saudade
velha companheira
que me tira os saltos altos
e aquece meus pés
cansados
com a intimidade de quem sabe
de cor
todos os meus motivos
e me perdoa
bondosa
pelo que não consigo
deixar pra trás.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Feliz demais!

Vim dividir com vocês um pouco da minha felicidade: fui premiada no V Prêmio Literário Canon de Poesia 2012. O resultado saiu no fim do mês passado, e hoje eu recebi os exemplares. 
Foram aproximadamente 3000 inscritos, segundo o site da Canon, e apenas 50 trabalhos foram selecionados, dentre os quais estava o desta orgulhosíssima redatora que não cabe em si de tanta felicidade.


A poesia selecionada foi esta:


No álbum de capa azul
revejo a vida
colorida
dos dias que não vivi
Repousa na mão enrugada
o sonho de entortar o calendário
entrar no vestido rodado
dançar uma única valsa
e voltar
resignada e incompleta
à vida que me restou.
Eu sonho.




quinta-feira, 25 de abril de 2013

Bilhete














Cutucas o meu silêncio
com tua palavra saudosa.
Apago teus rastros em mim
mais uma vez
mas não esqueço
nunca
teu cheiro bom.

A vida me faz sorrir
quando dá voltas.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Névoa
















A névoa da incerteza
impede meus passos rápidos.
Não vejo nada além
do amor que sinto
e tropeço
confusa
no caminho que não enxergo.
Meus pés já foram firmes
mas eu não te conhecia.

Amar não é seguro
mas me basta.

Por enquanto.

sábado, 30 de março de 2013

Contemplação
















Não consigo mais
ter pressa
de me perder
nas tuas palavras
nem de prender
em meus versos
a ânsia do teu olhar.

O amor que murcha
não alimenta os dias nublados.

E se faz sol
eu não gosto.

sábado, 9 de março de 2013

Despedida II















As lacunas do silêncio magoado
enchem de espaços vazios
a noite que não acaba nunca.
O amor prestes a morrer
de inanição
cava a própria cova.

É amargo o sabor
da despedida.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Asas















Eu penso em deixar
as lembranças mais doces
e partir,
liberta ainda que triste
procurando novas paisagens.
Eu penso em chorar
mas seco as lágrimas
austera
enquanto avalio os caminhos possíveis.
Minhas asas pesam
pela falta de uso
mas eu ainda sei voar.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Saudade tem outro nome















O amor soluçado
rompe o silêncio da noite fria.

A solidão é aconchegante
mas não preenche o vazio
da tua ausência.
Saudade tem outro nome
mas eu prefiro
chamar por ti.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Dezessete


















A aliança que eu não escolhi
guarda muito mais
que o amarelo brilho de uma festa particular.
É baú de mil lembranças
costuradas em dezessete anos
de um amor que transcende
minha capacidade de compreender.
Sou só coração.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Morte















Penso na morte
com uma dose de impaciência.
Vejo pessoas queridas
atravessarem o portal
e espero,
inquieta,
a hora das pessoas incômodas.
Não quero mais aprender
com os que não pensam como eu.
Demora.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Lembrança











Nunca esqueço
daqueles olhos escuros
que prometiam me matar de amor.

Morrer tem seu tempo.
Não era hora.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Ciúme



















Meu ciúme traveste-se de indiferença
e eu finjo não me incomodar.
É mentira.
Meu sangue ferve
em silêncio
enquanto eu sorrio
desencantada
com este amor pequeno
e incompleto
que faço de conta que aceito
mas dobro, calada,
e guardo na gavetinha verde
pra usar em doses homeopáticas
tentando fazer durar.

Tem pouco.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Dúvida















A dúvida espremida
no papelzinho amassado
pesava no bolso.
Ainda me amas?

Sorri.

Nem nunca.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Dentro do armário















Meu monstro dentro do armário
olha desconfiado
minhas atitudes sãs.
Em desespero
arranha a porta
rompe as barreiras
e me sequestra
alarmado
antes que a lucidez me domine.
Perdida nos braços dele
não consigo abrir a porta.
Continuo aqui.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Quieta















Queria não ter
calado
a alegria
de ser
poeta
mas os dias rastejam
sobre meus dedos
agora tímidos.
Ando quieta.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Às vezes...
















Palavra enxaguada retorna
límpida e cheirosa
pra enfeitar meus cabelos.
Dias de silêncio profundo
enquanto não batia vento
ressecaram todos os meus adjetivos.
Sonhei que falava tudo
mas acordei muda.

Às vezes basta amor
mas nem sempre.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Não me importo





















Não me importo
que ela me desfolhe
me divida
me encarcere
me mantenha acordada
inebriada do amor que sinto
tão forte
tão forte
tão forte
que nem percebo que amanheceu
e eu não dormi.
Ainda que não seja certo
posso dormir amanhã.

sábado, 16 de junho de 2012

Desencontro
















Não desista de me desencontrar
desviar meus caminhos
entrar pela porta errada
me surpreender
Não desista de me lembrar quem sou
ou quem fui
que nesses dias de poucas memórias
toda moeda é fortuna.
Ainda não consigo cantar
mas escuto tudo.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Cobiça


















A fruta tão desejada
jaz cortada
insípida
no prato fino.

Sempre parece melhor
o que não me pertence.
Mas é difícil não cobiçar.

Nunca aprendo com meus erros.


(Foto: Shuji Kobayashi)

domingo, 25 de março de 2012

Chove
















Ainda que chova
o coração está ressecado.
A palavra que magoou
repousa, vitoriosa
entre os dois corpos insones
e distantes.
Preciso de um dilúvio.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Triste














Triste
feito dia escuro,
não amanheceu em mim.
Nem adianta procurar palavra
que o peito está cheio delas
mas nenhuma encaixa
nesse jogo estranho
onde deveriam jogar só dois
mas jogam três.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Em tempo...














Mãos afeitas ao trabalho
de enfeitar os dias
com palavras leves
também cansam
que fantasiar é pesado
quando pensado demais.
Mas eu aponto os lápis
mais uma vez
e enfeito as frases
como se nunca houvesse cansado.
Volto devagar
que os passos já não me são tão leves
e os dias ainda são quentes.
Trago lápis novos
e tempo de sobra.
A vida ainda me sorri
muito.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Leminskiando...












Nada foi
feito o sonhado
mas foi bem-vindo
feito tudo
fosse lindo

(Paulo Leminski)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Palavra...














Sigo às cegas
remexendo sentimentos
reinventando palavras
reconstruindo frases.

Tateio entre as rimas antigas
para encontrar
quem sabe
novos modos de dizer
te amo.

Sempre.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Penumbra

























O passado que eu tentei enterrar
desnuda minhas identidades
como se não houvesse esconderijo possível.
Finjo-me desentendida
enquanto a mão boba do que já não está
levanta minhas vestes
e confere
possessivo
se algo em mim mudou
ou se ainda sou a mesma
trôpega de infelicidade
sorvendo as vidas alheias
pra alimentar meus sonhos.
Nunca consegui me esconder
de mim mesma.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Tem dias...




















Tem dias que eu amo demais
e deixo o amor esticar meus limites
até rasgar minhas defesas.

Amo tanto
que nem comporto
em meu peito estreito
a dor de não poder ser
várias
como antes.

E adormeço a angústia
recitando mantras que decorei
pra disfarçar meus medos
de ser tantas
em uma só.

Não sou mais
as mesmas.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

Plágio!

Uma coisa é achar o que eu escrevo sem os devidos créditos. Chateia, claro, mas não é nada que um e-mail ou um comentário no blog não resolva. Mas hoje, em um mesmo blog, além de encontrar uma poesia minha sem identificação alguma (o que acaba por sugerir que a redatora do blog é a autora da poesia) eu me deparei com um problema muito mais grave: a modificação parcial de um texto meu, assim, na maior cara dura mesmo.
Veja com seus próprios olhos:

Este é o texto original.
Este é plágio.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Teimo














Teimo em não esquecer
e palpito forte a cada lembrança
que faz formigar meus dedos
e aquecer meu coração.

Teimo em não fraquejar
mesmo que a carne estremeça
os olhos marejem
e eu queira voltar.

Teimo em escrever histórias
que não vingarão nunca
nem sob a chuva forte.
Pra que um dia eu recorde
que não foi sonho não
mas acabou.



quinta-feira, 16 de junho de 2011

Penso que posso tudo...




















 
Penso que posso tudo
e sorrio encantada
com o vento que agita
meus cabelos curtos.
Posso sentir o amor
nas minhas veias
aquecendo meu ser
imperfeito.
Penso que posso tudo.
Mas espero
comportada.

Nem me reconheço mais.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

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