quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Quieta















Queria não ter
calado
a alegria
de ser
poeta
mas os dias rastejam
sobre meus dedos
agora tímidos.
Ando quieta.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Às vezes...
















Palavra enxaguada retorna
límpida e cheirosa
pra enfeitar meus cabelos.
Dias de silêncio profundo
enquanto não batia vento
ressecaram todos os meus adjetivos.
Sonhei que falava tudo
mas acordei muda.

Às vezes basta amor
mas nem sempre.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Não me importo





















Não me importo
que ela me desfolhe
me divida
me encarcere
me mantenha acordada
inebriada do amor que sinto
tão forte
tão forte
tão forte
que nem percebo que amanheceu
e eu não dormi.
Ainda que não seja certo
posso dormir amanhã.

sábado, 16 de junho de 2012

Desencontro
















Não desista de me desencontrar
desviar meus caminhos
entrar pela porta errada
me surpreender
Não desista de me lembrar quem sou
ou quem fui
que nesses dias de poucas memórias
toda moeda é fortuna.
Ainda não consigo cantar
mas escuto tudo.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Cobiça


















A fruta tão desejada
jaz cortada
insípida
no prato fino.

Sempre parece melhor
o que não me pertence.
Mas é difícil não cobiçar.

Nunca aprendo com meus erros.


(Foto: Shuji Kobayashi)

domingo, 25 de março de 2012

Chove
















Ainda que chova
o coração está ressecado.
A palavra que magoou
repousa, vitoriosa
entre os dois corpos insones
e distantes.
Preciso de um dilúvio.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Triste














Triste
feito dia escuro,
não amanheceu em mim.
Nem adianta procurar palavra
que o peito está cheio delas
mas nenhuma encaixa
nesse jogo estranho
onde deveriam jogar só dois
mas jogam três.

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