sábado, 31 de outubro de 2009

Desordem




















O sol adentra o quarto em desordem
e penetra minhas pernas semi abertas
como quem tem intimidade
e tempo.
Há tempos que eu me derreto
lava pura, magma, fogo
e queimo tudo à minha volta.
Como agora.
Abro um pouco mais as pernas
pra sentir a quentura quase tímida
e úmida
da manhã de sol.
E lembro de coisas
ou imagino
não sei, a idade me confunde
e me aperfeiçoa.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Reencontro















A ânsia desgovernada
prolonga o abraço suado.
Os braços que apertam forte
enlaçam os anos de ausência
com a sede desesperada
dos que voltam do exílio.
Não há como negar a saudade
que escorre na face corada
de quem se achava perdido.

As palavras caíram no caminho.

sábado, 10 de outubro de 2009

Madrugada






















O amor desesperado
rasga as vestes da madrugada sonolenta
toma pra si, rancoroso e embriagado
a mulher que não pode conter.
Ela parece não querer
mas não importa:
a fome de possuir é maior que o medo
E ela há de pensar que foi um sonho
e consolar-se amanhã nos braços lanhados
do amor que dilacera-se em segredo.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Confissão
















A confissão escapuliu-me da boca
e ecoou
solitária
na noite quente.
Minha palavra incontida
não encontrou companhia
no coração empedrado.

Nunca me incomodei com o silêncio
até que ele pesou em meus ouvidos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Tempus fugit














É verde o canto das ondas
batendo em chicotadas frias
nas pernas que já não correm.
O murmúrio repetido
do vai e vem da água salgada
repete num mantra sentido:
carpe diem.

Se der tempo.
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