sexta-feira, 31 de julho de 2009

Silêncio


Essa chuva que cai em mim
ensopa minhas frases feitas.

Tudo parece tão claro
e eu não consigo dizer nada!...

Às vezes a palavra é doce
mas não é suficiente.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Julho


O céu colorido de pipas
enche os olhos infantis

Embaixo dos sinais do tempo
o coração jovem sorri.

Faz sol.

domingo, 19 de julho de 2009

Amanhecer

foto: pangaroundthewolrd.blogspot.com
No dia vestido de azul
a palavra tem asas.
Ainda é cedo,
toda a tristeza repousa
sob o sol morno e agradável
do meio do mundo.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Estranha, eu?...



Eu não sou estranha. Estranha é a fome dos outros acerca da minha aparência. Sou muito mais que um reflexo distorcido no espelho. Não me vejo essa mulher de traços esquisitos que muitos vêem. Porque eu me enxergo além. Enxergo minhas muitas virtudes, e valorizo especialmente a virtude de ignorar, impassível, os risinhos e olhares assombrados por onde passo.
A alegria de acordar todo dia me faz plena. Pena de quem não vê.

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E se me achar esquisita, respeite também.
Até eu fui obrigada a me respeitar.

(Clarice Lispector)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

sábado, 11 de julho de 2009

Patch musical

Sábado de sol escaldante e o Media Player escarafunchando meu notebook em busca de combinações que possam traduzir esta mulher que já passou dos 30 mas não consegue sair da adolescência...
Comecei ouvindo Sharing the night together e fui subitamente transportada a outras épocas. Espinhas, insegurança, culotes, óculos e paixonites elevadas ao cubo. Tertúlias (ai, me entreguei!!), banhos demorados e expectativas elevadíssimas. Muitas. Todas as possíveis. Porque isso é adolescer. E foi tão bom!!
E enquanto o Media Player ia avançando por uma seleção no mínimo inusitada, minha adolescência transformou-se e eu cresci... Foi quando me descobri humana e passível de erros (ah, as minhas ilusões de perfeição se esvaíram de forma dolorosa e definitiva...) e por mais difícil que seja pensar a respeito, errar me tornou mais adulta e muito mais tolerante. Only human. Eu, você e todo mundo.
Aretha Franklin cantou a angústia de querer parar o tempo quando tudo fora daquele momento perdia a importância. E muitas vezes me vi, como ela, running out of time, até chegar à conclusão que o melhor mesmo era deixar de prestar atenção ao tempo, porque ele nunca seria suficiente pra viver tudo o que eu queria. Talvez seja esse o better understanding que ela queria achar, não sei.
A Cher disse que o amor machuca, mas o que seria da vida sem ele? Love hurts, sim, quando não correspondido, mas eu passei por essa fase de achar que love is just a lie. Sobrevivi. Mais que isso. Conquistei.
Faz tempo que ouvi pela primeira vez Carole King cantar So far away, mas só recentemente percebi o significado dessa falta que as pessoas nos fazem, e ela passou a fazer parte da minha seleção musical. Porque quando a saudade de tudo e de todos arrebatou esse coração escandaloso a música me tocou. Doesn’t anybody stay in one place anymore? It would be so fine to see your face in my door!... Quem nunca olhou pra traz e sentiu falta do que não volta mais (ou dos que não cruzarão outras vezes nossos caminhos?)
Don’t tell me you’re not in Love! Juro que eu estou. E por mais estranho que esse country possa parecer no meio da minha seleção, presta atenção!... Você provavelmente está in love. tanto ou mais que eu. E mesmo que esse amor não caiba na sua vida agora, estar in love é booooom demais!!
Ficar no corpo como tatuagem, Chico entrando nos meus ouvidos como bálsamo, curando as dores que todos trazemos, tatuando as palavras como eu queria tatuar as minhas, mas nem todo mundo gosta do que eu tenho pra dizer. E se eu digo mesmo assim, é porque a vida abunda em mim, transborda por meus poros e eu acabo “nem aí” pro que os outros pensam. Porque, Já que tanto faz ser ou não pra valer, como na canção que me embala agora, melhor é ser de uma vez, né?...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Saudosa


O acaso folheou as páginas
do livro que tanto reli.

Vestiu-me um meio sorriso
a palavra que pulsava.

Do sonho que se desfez
resta-me ainda o registro
daquilo que me arrebatou.

Não é mentira que eu sou feliz.
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