Eu quase posso sentir os pingos de chuva sobre minha pele só ao olhar a janela. Criança entrando na adolescência, era capaz de ficar horas na ali olhando a chuva cair, sentindo o cheiro da terra molhada, misturado ao cheiro de café que vinha da cozinha. Não pensava em nada, só ficava ali, quieta, por vezes estendendo a mão pra fora para sentir a chuva na pele.
Fim de ano, chuva freqüente, bem-vinda, ansiada até. A melhor época do ano pra mim. Os filmes da Sessão da Tarde sempre tinham neve, frio, papai Noel, compras de Natal... Tudo o que eu não podia ter ali, na cidade das mangueiras, colorida pelas lindas decorações que enfeitavam as ruas, lâmpadas de todas as cores penduradas pelas árvores na frente das casas. Eu e minha irmã gostávamos de contar as árvores iluminadas que víamos pelo caminho, uma em cada janela do carro, esticando os olhos pra alcançar as árvores mais distantes, nas ruas transversais.
E em todo lugar a chuva fina caía levemente. Porque a magia do Natal em Belém não é a neve, é a chuva de todo dia, abençoada chuva, perfumada chuva. As mangueiras pesadas de tanta manga balançando seus galhos perigosamente sob o peso das muitas mangas que os moleques nem davam conta de apanhar. As pessoas passeando apressadamente no centro da cidade, dezenas de sombrinhas coloridas deixando o dia mais bonito.
Ali da janela do meu quarto eu via muito dessa agitação, e sentia os respingos da chuva quase fria que batia o ponto religiosamente no mesmo horário toda tarde, lembrando que o ciclo da vida recomeça continuamente através de tudo o que vivemos.
Cotidiano que se renova mas não se reinventa tanto a ponto de mudar a essência do que sou: mulher quase menina, na janela do quarto que já foi meu, mãos pra fora da janela sentindo a chuva e um coração aquecido, apesar do vento. Nunca me perdi tanto que não possa me reencontrar ali, cheia de saudades do que fui e coração apertado pelo que ainda serei. Chego daqui a uns dias, mãe!...
Fim de ano, chuva freqüente, bem-vinda, ansiada até. A melhor época do ano pra mim. Os filmes da Sessão da Tarde sempre tinham neve, frio, papai Noel, compras de Natal... Tudo o que eu não podia ter ali, na cidade das mangueiras, colorida pelas lindas decorações que enfeitavam as ruas, lâmpadas de todas as cores penduradas pelas árvores na frente das casas. Eu e minha irmã gostávamos de contar as árvores iluminadas que víamos pelo caminho, uma em cada janela do carro, esticando os olhos pra alcançar as árvores mais distantes, nas ruas transversais.
E em todo lugar a chuva fina caía levemente. Porque a magia do Natal em Belém não é a neve, é a chuva de todo dia, abençoada chuva, perfumada chuva. As mangueiras pesadas de tanta manga balançando seus galhos perigosamente sob o peso das muitas mangas que os moleques nem davam conta de apanhar. As pessoas passeando apressadamente no centro da cidade, dezenas de sombrinhas coloridas deixando o dia mais bonito.
Ali da janela do meu quarto eu via muito dessa agitação, e sentia os respingos da chuva quase fria que batia o ponto religiosamente no mesmo horário toda tarde, lembrando que o ciclo da vida recomeça continuamente através de tudo o que vivemos.
Cotidiano que se renova mas não se reinventa tanto a ponto de mudar a essência do que sou: mulher quase menina, na janela do quarto que já foi meu, mãos pra fora da janela sentindo a chuva e um coração aquecido, apesar do vento. Nunca me perdi tanto que não possa me reencontrar ali, cheia de saudades do que fui e coração apertado pelo que ainda serei. Chego daqui a uns dias, mãe!...
6 comentários:
ja passei da almofada sim, rs
to adorando a maquina de costura!
obrigada pela visita
beijo
fabi
Eu adoooooro dias chuvosos! E o Natal também porque minha família está perto de mim.
E gosto muito do teu espaço! =D
Lindo, lindo, lindo texto!!!
Meu beijo.
Oi Lillian,
que delícia essa chuva que cai sempre no mesmo horário, que guarda tantas lembranças, tantas imagens boas, coloridas, perfumadas...
amei!
bjs,
Iêda
q lindo Lilian,nunca me perdi tanto q nao me reencontrasse li,
lindo mesmo!!Belém e suas mangueiras...
hj em dia será q a chuva ainda é tao pontual qto na sua infancia,o homem anda fazendo tanto estrago na natureza,lembro - me tb, q aqui no paraná,tinham os meses certos da chuva,do inverno,do verao,hj,em pleno verao,tem inverno,nao chove qdo precisa...ficam só as lembranças lindas da infancia,vc é maravilhosa,me fez lembrar da minha meninice...abçao Lilian,tenha muita luz,amor e paz,sempre!!!!bjss
lane
muito talento, muito belo, e ao te ler lembro - me de Belém tantas vezes visitado hã muito muito tempo que tal 1975? hospedado no Grão Pará, de passagem pra Tucuruí e Marabá, voando sobre o Tocantins num monomotor mambembe, valeu a pena, valeu o perigo
Lilian,
Esta época é boa demais, com chuva, sem chuva, com sol...
Serve para nos renovarmos e nos lembramos daonde viemos, quem somos, e o que realmente importa nesta vida.
beijos
Re
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