Sábado de sol escaldante e o Media Player escarafunchando meu notebook em busca de combinações que possam traduzir esta mulher que já passou dos 30 mas não consegue sair da adolescência...
Comecei ouvindo
Sharing the night together e fui subitamente transportada a outras épocas. Espinhas, insegurança, culotes, óculos e paixonites elevadas ao cubo. Tertúlias (ai, me entreguei!!), banhos demorados e expectativas elevadíssimas. Muitas. Todas as possíveis. Porque isso é adolescer. E foi tão bom!!
E enquanto o Media Player ia avançando por uma seleção no mínimo inusitada, minha adolescência transformou-se e eu cresci... Foi quando me descobri humana e passível de erros (ah, as minhas ilusões de perfeição se esvaíram de forma dolorosa e definitiva...) e por mais difícil que seja pensar a respeito, errar me tornou mais adulta e muito mais tolerante.
Only human. Eu, você e todo mundo.
Aretha Franklin cantou a angústia de querer parar o tempo quando tudo fora daquele momento perdia a importância. E muitas vezes me vi, como ela,
running out of time, até chegar à conclusão que o melhor mesmo era deixar de prestar atenção ao tempo, porque ele nunca seria suficiente pra viver tudo o que eu queria. Talvez seja esse o
better understanding que ela queria achar, não sei.
A Cher disse que o amor machuca, mas o que seria da vida sem ele?
Love hurts, sim, quando não correspondido, mas eu passei por essa fase de achar que
love is just a lie. Sobrevivi. Mais que isso. Conquistei.
Faz tempo que ouvi pela primeira vez Carole King cantar
So far away, mas só recentemente percebi o significado dessa falta que as pessoas nos fazem, e ela passou a fazer parte da minha seleção musical. Porque quando a saudade de tudo e de todos arrebatou esse coração escandaloso a música me tocou.
Doesn’t anybody stay in one place anymore? It would be so fine to see your face in my door!... Quem nunca olhou pra traz e sentiu falta do que não volta mais (ou dos que não cruzarão outras vezes nossos caminhos?)
Don’t tell me you’re not in Love! Juro que eu estou. E por mais estranho que esse
country possa parecer no meio da minha seleção, presta atenção!... Você provavelmente está
in love. tanto ou mais que eu. E mesmo que esse amor não caiba na sua vida agora, estar
in love é booooom demais!!
Ficar no corpo como
tatuagem, Chico entrando nos meus ouvidos como bálsamo, curando as dores que todos trazemos, tatuando as palavras como eu queria tatuar as minhas, mas nem todo mundo gosta do que eu tenho pra dizer. E se eu digo mesmo assim, é porque a vida abunda em mim, transborda por meus poros e eu acabo “nem aí” pro que os outros pensam. Porque, Já que tanto faz ser ou não pra valer, como na
canção que me embala agora, melhor é ser de uma vez, né?...